madrugada de distâncias infinitas
que escorrem liquefeitas à janela
e cintilam no asfalto rua afora
entre cães adormecidos e mendigos
liquefazem-se as distâncias não o tempo
que este escorre indiferente à madrugada
e branqueia o cabelo enruga a face
num rosário de alegrias e desditas
onde a vida embora vida não é bela
e se bela é de ontem não de agora
que ora alterna-se entre leitos e jazigos
e onde amor é sempre tédio ou contratempo
corpo aqui corpo acolá numa enxurrada
de vazio e solidão por desenlace
Márcia Maia