sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

o avesso do desejo


lilya corneli©

















te encontraria
no deserto
às dez e meia
tonto de luz
passos trôpegos sobre a areia movediça

eu te desnudaria
meio-dia
sol a pino
e te manteria prisioneiro
até que tingisse
a tua pele
o mais negro ou rubro tom
e cegasse os teus olhos o sol da tarde

te abandonaria então
nu e insone
meio às sombras
sem sonhos
onde te escondias das noites quentes
de antigos janeiros

por fim partiria
liberta
de ti
e do cárcere gelado
dos interditados verões do teu amor

desejo ao avesso
ainda pulsando em mim



Márcia Maia


4 comentários:

Felicidade Clandestina disse...

se você viesse também...

Clayton pires disse...

a clareza e ao mesmo tempo a ambiguidade de sua poesia me encanta.
a forma como você expõe as palavras, deixa o o leitor (óbvio) eu, com as palavras do poema se contorcendo e se trasnformando aqui...

como esses ultimos versos

"desejo ao avesso (qual(is) desejo(s)?)
desejo de quem (?)
ainda pulsando em mim "

nem sei se vai me entender, mas saiba : admiro e muito a sua poesia.

eduardo disse...

A Poesia não se comenta. Lê-se com olhos de sonhar. Trinca-se cada pedacinho que o/a autor/a quis transmitir.

E assim, aqui estou eu logo pela manhã para restabelecer na força dela as minhas próprias fraquezas.

Como sempre, saio uns centímetros mais alto. Mais forte, e com o passo mais alongado.

Por isso, não se admirem de me ver na rua sorrindo.

Um beijo, Márcia.
Um xi-coração para as Princesas, deste que vos estima muito.

Bom ano!

Manuel Veiga disse...

o corpo do Desejo. sempre.
ainda quando deserto.

belissimo

beijos