terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Paisagem na janela


Tenha paciência comigo, ele disse, pouco antes de adormecer no sofá, embriagado demais para o amor. E ela, que o amava mas não tinha o menor saco pra conversa de bêbado, tirou a roupa e estirou-se nua no ladrilho da varanda. Chovia fino. Uma nuvem escondera a lua. Deixou que a mão descesse até a vulva, abrindo os lábios e tocando o grelo, leve e ritmadamente. Masturbou-se longamente, mudando o ritmo, prolongando o prazer, adiando o gozo. E adormeceu sem perceber os dois adolescentes quase imberbes que, na janela do vizinho, a observavam, masturbando-se e gozando, repetidamente, com furor.



Márcia Maia


Um comentário:

eduardo disse...

Passagem sublime. Visão nocturna de acontecimentos diários, eu acho.
E como sempre, escrita pura e simples. Sem papas na língua ou preconceito.