diego rivera: tina na terra virgem. foto: tina modotti©
Nasci pássaro e peixe
e tigre e cisne
e gazela.
Nasci água e correnteza
e música e ventania.
Nasci outono e primavera
amanhecer e lua cheia.
Nasci mar do mar
maré que vai
e vem.
Cortaram-me asas, secaram-me
rios.
Invisíveis grades e aquários
me enclausuraram.
A alma, esvaziaram-me em
invernos desertos
cegos de lua, sedentos de mar.
O espectro de mim em que
me tornei
nutre-se da música oculta
no silêncio.
Emudecido o silêncio
nada restará:
pássaro, tigre ou gazela.
Tampouco eu.
Só ausência
e quem sabe, paz.
Márcia Maia
3 comentários:
[como uma revelação da criação do mundo, criação interior, acontecida serena, na palavra]
um imenso abraço,
Leonardo B.
sempre maravilhosamente sonora... ainda que em silêncio!
bj!
ascese de poeta. em direcção ao Todo. e a Paz...
belíssimo
beijos
Postar um comentário