porque é inverno e chove
porque por acaso faz frio
os frascos da memória
se me abrem
no cheiro acre de mofo
que emana das gavetas
no cheiro doce do chá
fumegando sobre a mesa
no vestir da blusa cinza
de lã fina
que me deste num antigo
aniversário
porque era inverno e chovia
porque por acaso era frio
Márcia Maia
4 comentários:
Márcia, poema que tem aquele poder de nos seduzir com seu ritmo, suas palavras... é mágico mesmo.
Abraços.
Memórias que não nos sossegam!
Memórias que nos sangram o íntimo!
Beijos,
Gosto de vir aqui e ler tudo.
Sinto-me bem com a tua poesia e a tua prosa poética:)
És uma grande escritora!
Beijos
Gosto do ritmo que impõe aqui. Como no balanço de um pêndulo, daqueles velhos e intermináveis relógios antigos. Algo que bate fora e rebate na memória exatamente o que não é possível reverter. Essa passagem de anos, essa velhice de atos, esse inverno que chove e que, de qualquer maneira nos faz frio.
Abraço!
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