Por velho e cansado, desejei transplantar-me o coração. Em seu lugar, poria um cacto. Um tenro cacto, de folhas espessas e raros espinhos. Assim o fiz, não sem uma pitada de receio. Agora, quase um ano depois, nos damos bem, eu e o meu coração-cacto. Do antigo, herdou o vício de amar, bem mais contido. E por ser cacto, se acaso chora, não sangra, embora tenham seus espinhos crescido e me firam, vez por outra, quando abriga-se a saudade em meu peito.
Márcia Maia
6 comentários:
[esse o coração,
que não vem destacado nos manuais, nem nas teorias gerais da solidão.]
um imenso abraço, Amiga Márcia
Lb
Que lindo, Márcia!
Quantas vezes na vida não acabamos colocando mesmo um cacto naquilo que já está costumado a se ferir.
Beijo.
Que texto poético tão lindo!
E que coração tão poético...
Beijinhos,
Lindo texto, Márcia.
Ando querendo ler os poemas amigos, e o tempo não deixa.
Beijo grande.
cacto, clima seco, solo áspero, tempo quente. e a saudade, aquele chuvisco que bate e passa tão depressa, nos engana... rs
abraços!
Bom é que cactos-coração dificilmente ficam secos...mesmo nos solos mais áridos.
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