terça-feira, 29 de junho de 2010

prestidigitação


sou a que se perdeu
a ausente
e embora esteja quase
                     sempre aqui
aparentemente presente
não sou eu a que me vêem
— tu e toda essa gente —
mas o esboço
                a sombra
                           o rastro
ou talvez apenas o reflexo
nas águas turvas de junho
da que fui
quando o inverno era
ainda
uma improvável e longínqua
                     possibilidade



Márcia Maia



4 comentários:

Carol Timm disse...

Marcia,

Belo poema sobre o tempo em nós.

Beijos,
Carol

Alvaro Domingues disse...

Excelente, Márcia!

Manuel Veiga disse...

poema de uma musicalidade dolente e amável. como um solo de violancelo.

adorei

beijos

Pedro Du Bois disse...

Pois é assim, Márcia: todos os invernos se entranham em nós, por isso o medo. Nada demais, não quiséssemos ser, assim, primaveris. Excelente poema. Abraços, Pedro.