Da cor de caramelo eram os seus sapatos. E em nada combinavam com a calça jeans escura e a camisa leve de algodão clarinho que usava. Você sorria como se nada importasse além do centro antigo da cidade, dos casarões pintados de cor-de-rosa, azul ou amarelo-claro, das escadas de madeira escura que se bifurcavam, dos lustres de cristal, da tarde. E me contava, olhos brilhando, histórias dessa terra que é a sua.
Pouco adiante, onde o jasmineiro floria em grená, a Poesia nos aguardava em sua praça, sob o olhar complacente do piano carcomido que a escada sustentava, e a benção do herói cujo sangue, há tanto derramado, tinge ainda o chão dessa cidade, não de rubro, mas de cobre, que em tudo se assemelha à cor de caramelo que colore seus sapatos.
Márcia Maia
>
5 comentários:
Márcia vc. fez neste conto quase uma demonstração de que o yin e o yang estão em tudo.
Um negação aparente vai reaparecer, logo mais adiante, como uma confirmação.
Suave e bucólico este teu jeito de narrar.
Beijão.
Ricardo Mainieri
Como gosto dessa prosa poética, doce como caramelo!
Beijo beijo
O herói é Tiradentes e a cidade também? Ou será que dei um furo?
Deu um furo, Ricardo. O 21 de abril é pura coincidência. A cidade é aqui no Nordeste, e o herói, idem. ;)
Xiiii! Foi Mal!
Postar um comentário