sábado, 4 de dezembro de 2010
o poema que não fiz
madrugada
ainda não amanheceu
e eu desperta aqui em busca de um poema
de um poema que adivinho mas não vejo
que se esconde sob a aurora
sob as letras do teclado
sob os dedos
e que me impede tenazmente
de dormir
o dia chega
cantam os pássaros na algaroba no pinheiro
voam ainda (meio-tontos) os morcegos
sem saber aonde ir
na rua
só cachorros e o vigia
na casa
além de mim camas vazias
e um tempo que passou e eu não vi
vivi é certo
mas imersa em tal redemoinho
que mal percebi sua passagem.
e agora
(que é hoje)
nem manhã nem madrugada detenho-me
nesse instante-encruzilhada
à cata do poema que não veio
e que não fiz
Márcia Maia
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em queda livre
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4 comentários:
[o poema já aí está, onde a manhã na madrugada o adivinha]
um imenso abraço, Márcia
Leonardo B.
são danados os poemas! :))
(lembra, sem citar, a Ana Luísa tão perto de quem a lê e ama, né?)
beijos de vento e frio, deste lado do mar, querida Márcia!
Belo, MM.
como pombos "catando o piolho do presente!...". assim diria Miguel Torga.
admirável poema.
beijos
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