terça-feira, 7 de setembro de 2010

uma canção na manhã


há uma canção nessa manhã azul
de antigamente
(a canção não a manhã)
e eu oscilo
hesito entre manter-me inteira
no presente
ou escorregar leve impercebida e
sorrateiramente
ao quarto fechado
onde dormitam em segurança todos os
sentires inacabados

há uma manhã nessa canção
de antigamente
(a manhã não a canção)
e já nem sei o que é passado
o que é presente
mas vem em meu auxílio
o telefone
e embora aveludada e rouca
não é tua
a voz que me procura

há uma canção nessa manhã
nem tão azul
(tampouco de antigamente)
apenas uma canção

e nada mais


Márcia Maia


2 comentários:

livia soares disse...

Muito bonito.
Um abraço.

Antonio Siqueira disse...

Sua sensibilidade é a manhã azul. Dá uma música linda esse poema. Lindo!

Beijos