quinta-feira, 15 de julho de 2010

cantiga


e se eu disser que não sei o que sinto
te digo e minto pois sei que guardara
a manhã clara nas mãos sob as saias
— ris ou me vaias se assim te disser

e se eu disser que é tal qual vinho tinto
digo e não minto sei que maculara
a manhã clara nos bosques de faias
— ris ou me vaias se assim te disser

e se eu disser que inteiro és-me indistinto
te digo e minto pois te procurara
na manhã clara dentre as samambaias

(de alvas cambraias fiz-te veste e cinto)
se em tuas praias meu barco atracara
— ris ou me vaias se assim te disser



Márcia Maia


5 comentários:

Fred Matos disse...

Um soneto perfeito, para ler de joelhos.
Ótimo fim de semana.
Beijos

Adriana Riess Karnal disse...

Márcia,
ótimo sonet, se me disser eu acredito.

Renata de Aragão Lopes disse...

Amei o soneto!

E me lembrei de um meu,
publicado em 15 de janeiro
no Doce de Lira:

MEIAS VERDADES

http://docedelira.blogspot.com/2010/01/meias-verdades.html

Beijo!

dade amorim disse...

Perfeito e com essa classe de hábito.

Beijo, Márcia, um ótimo fim de semana.

Antonio Siqueira disse...

Lindo e viajante