quarta-feira, 5 de maio de 2010

de silêncios


silêncio
de lua cor-de-romã madura
à janela

de canto
antigo cantado em francês ou
espanhol

de vento
brincando nos galhos do ipê e
do pinheiro

de gente
em alvoroço a caminho do
futebol

silêncio
de abismos escondidos nas pregas
dos vestidos

de mãos
acarinhando do amado o corpo
nu e ausente

de noite
fria que se alonga e se escusa à
madrugada

de nada
além de mim sentada aqui só
como sempre



Márcia Maia

2 comentários:

dade amorim disse...

Ai, esse lirismo puro dos tantos silêncios!

Lindo demais.

Cesar Veneziani disse...

Imagens riquíssimas e uma sonoridade ímpar!