entre as hastes da persiana cor-de-gelo
se alojou um louva-deus de um verde
tão tenro de esperança
que comove
sobrevoa vez em quando a cama e o micro
e pousa displicente na colcha do beliche
por sobre e dentre os livros
de poesia
está aqui há quatro dias
e eu me pergunto o que quer o que pretende
um louva-deus no seu verde tão tenro de
esperança que comove
neste quarto
cor-de-gelo como a cor da persiana onde já
ninguém habitualmente habita além do
micro e da tevê e
do beliche
onde a sono solto hibernam as lembranças
meio a versos dentre os livros esquecidos
e outros mais a
escrever
estão aqui há quatro anos
e agora enquanto a madrugada se desfia
em guns n' roses cantando bob dylan
se revestem de esperança
e enverdecem
como fosse possível transmutar-se o gelo
da persiana e das paredes mais o velho
vermelho do beliche
pelo vôo
entontecido de algum simples louva-deus
Márcia Maia
4 comentários:
Vivo, coroando livros de poemas, alimentado das cores desse quarto.
Ele deve saber o que faz,
e sente-se à vontade
o louva-deus-poeta.
Beijo pra você.
puxa, adorei!!! principalmente o trecho:
onde a sono solto hibernam as lembranças
meio a versos dentre os livros esquecidos
e outros mais a
escrever
O louva-a-deus sozinho não faz ninho, outros louva-a-deus não gera, mas inspirou um poema que justificou sua efêmera existência.
Manoel Carlos
Nada como bater nas portas do céu:)
Beijos
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